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A carta de Lula no lançamento de sua candidatura, em que afirma ser preso político

Postado às 07h03 | 10 Jun 2018

O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou na noite desta  sexta-feira (8) a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

O ato foi realizado em um hotel de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Durante o evento, a ex-presidente Dilma Rousseff leu uma carta escrita por Lula chamada de Manifesto ao Povo Brasileiro.

Preso há dois meses, após condenação em segunda instância, Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o que inviabilizaria sua candidatura à presidência.

Mesmo assim, ele aparece como o melhor posicionado nas pesquisas de intenção de voto.

“Assumo esta missão porque tenho uma grande responsabilidade com o Brasil e porque os brasileiros têm o direito de votar livremente num projeto de país mais solidário, mais justo e soberano, perseverando no projeto de integração latino-americana.”, afirmou na carta.

De acordo com a legenda, 2 mil pessoas participaram do evento, que teve as presenças da presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, do ex-prefeito e coordenador do programa de governo, Fernando Haddad e governadores e parlamentares.

CONHEÇA O TEXTO DA CARTA DE LULA NO LANÇAMENTO DE SUA CANDIDATURA

Quando Dilma começou a ler o que Lula batizou de “Manifesto ao Povo Brasileiro”, o silêncio tomou conta do local.

“Contra todas as injustiças, tenho o direito constitucional de recorrer em liberdade, mas esse direito me tem sido negado, até agora, pelo único motivo de que me chamo Luiz Inácio Lula da Silva.

 Por isso me considero um preso político em meu país”, escreveu o ex-presidente.

“Quando ficou claro que iriam me prender à força, sem crime nem provas, decidi ficar no Brasil e enfrentar meus algozes.

Sei do meu lugar na história e sei qual é o lugar reservado aos que hoje me perseguem.

Tenho certeza de que a Justiça fará prevalecer a verdade.”

Mais uma vez, Lula afirmou que o condenaram sem provas, sem o direito de defesa e sem ser tratado como um cidadão comum, mas como inimigo.

“É para acabar com o sofrimento do povo que sou novamente candidato à Presidência da República.

Tive muitas candidaturas em minha trajetória, mas esta é diferente: é o compromisso da minha vida.

Quem teve o privilégio de ver o Brasil avançar em benefício dos mais pobres, depois de séculos de exclusão e abandono, não pode se omitir na hora mais difícil para a nossa gente”, disse.

“Sei que minha candidatura representa a esperança, e vamos levá-la até as últimas consequências, porque temos ao nosso lado a força do povo.”

No texto, Lula diz que quer ser presidente porque já provou que o Brasil pode ser um país melhor para todos e que seu governo foi “um tempo de paz e prosperidade, como nunca antes tivemos na história”.

“Acredito, do fundo do coração, que o Brasil pode voltar a ser feliz.

E pode avançar muito mais do que conquistamos juntos, quando o governo era do povo”, escreveu.

O ex-presidente avançou ainda no que deve ser seu programa de governo, caso possa manter sua candidatura.

Afirma que impedirá a privatização da Eletrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Afirmou que a Petrobras “não foi criada para gerar ganhos para os especuladores de Wall Street”, mas para garantir a autossuficiência de petróleo no país e com preços compatíveis com a economia popular.

“Sonho ser o presidente de um País em que o julgador preste mais atenção à Constituição e menos às manchetes dos jornais.

Em que o Estado de Direito seja a regra, sem medidas de exceção.

Sonho com um país em que a democracia prevaleça sobre o arbítrio, o monopólio da mídia, o preconceito e a discriminação.

Sonho ser o presidente de um país em que todos tenham direitos e ninguém tenha privilégios”, escreveu.

Ao final de sua carta, o ex-presidente fez um apelo à união das esquerdas em torno de sua candidatura.

Disse ser necessário unir as “forças democráticas” do país em um projeto “mais solidário e mais justo” e que tem certeza que todos estarão “juntos no final da caminhada”.

“Daqui onde estou, com a solidariedade e as energias que vêm de todos os cantos do Brasil e do mundo, posso assegurar que continuarei trabalhando para transformar nossos sonhos em realidade.

 E assim vou me preparando, com fé em Deus e muita confiança, para o dia do reencontro com o querido povo brasileiro.

E esse reencontro só não ocorrerá se a vida me faltar”, concluiu.

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