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90% da população de SP aprovou atitude do governador homenagear PM que matou ladrão

Postado às 04h41 | 16 Mai 2018

O governador de SP, Márcio França, comemorava na terça (15) a repercussão da homenagem que ele fez à PM que matou um ladrão na porta de uma escola no domingo (13).

Uma enquete que chegou às mãos da equipe dele mostrava que 72% dos entrevistados tinham ouvido falar do fato --e 90% apoiavam a atitude do governador.

A propósito, ELIO GASPARI escreve hoje, 16, artigo sobre a atitude dos policiais.

A primeira cena deu-se em Suzano, no interior de São Paulo: Katia Sastre levou a filha de 7 anos para uma festa da escola, estava na calçada, junto com outras mães e crianças, quando um assaltante começou a revistar o segurança.

Katia é cabo da Polícia Militar. Num átimo, tirou sua pistola da bolsa e deu-lhe três tiros, quase à queima-roupa. Matou-o.

No dia seguinte, em Guarujá, numa farmácia, um assaltante armado com um revólver perseguiu durante 16 segundos um cidadão que estava na loja.

Era um PM em dia de folga. Com um tiro matou o bandido.

Os vídeos dos dois episódios estão na rede e não deixam dúvida.

Não se está numa daquelas parolagens em que a polícia fala em confrontos que em São Paulo giram em torno de 20 por mês. No Rio, são cinco por dia.

(Um terceiro caso de PM sem farda matando assaltante, ocorrido também em São Paulo, infelizmente não tem vídeo.)

O governador Márcio França fez uma justa homenagem a Katia Sastre, mas, tendo gostado do espetáculo, deu-se a um momento de comédia: 

"As pessoas têm que entender que a farda deles [PM] é sagrada, é a extensão da bandeira do estado de São Paulo.

Se você ofender a farda, ofender a integralidade do policial, você está correndo risco de vida.

É assim que tem que ser".

Quer dizer que se uma pessoa ofender um PM, caso de desacato previsto no Código Penal, "está correndo risco de vida".

Deixando-se de lado a irresponsabilidade de França, o comportamento da PM de Suzano e de seu colega de Guarujá foi adequado.

Casos clássicos de legítima defesa não podem ser vistos como estímulo à letalidade.

A segurança pública será um dos grandes temas da eleição de outubro. Os 18% de Jair Bolsonaro na pesquisa da CNT/MDA bem como o surto do governador paulista comprovam essa relevância.

O professor Mário Henrique Simonsen ensinava que o problema mais difícil do mundo, caso seja bem formulado, um dia poderá ser resolvido.

Já os problemas mal formulados, ainda que fáceis, são todos insolúveis.

Discutir e letalidade das forças da segurança pública junto com a atitude dos dois PMs dos vídeos é uma forma de embaralhar a questão, tornando-a insolúvel.

Pior: trata-se de aproveitar os holofotes para pontificar sobre o inexistente, em nome do politicamente correto.

Casos existentes, politicamente inconvenientes, ficam na penumbra.

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